sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

ENTAO, FOI ASSIM QUE EU ME SENTI SEM VOCE....


"Então, foi assim, eu me senti sem você...”

            Eu moro sozinho faz praticamente uns dez anos, vivo muito bem, obrigado! Mesmo que não tenha uma vida de classe alta, carro do ano na porta ou apartamento próprio, posso me orgulhar de uma coisa: trabalho com o que eu gosto, e o que eu gosto é de escrever. Escrever não é nenhuma arte, basta uma idéia, depois vêem as letras, palavras, frases, parágrafos e pronto, você tem um texto ou um livro. Simples assim.
            Foi em um dia em particular que eu me dei conta dos dez anos que passaram, foram dez anos... Era dia 11 de fevereiro de 2007, tinha acabado de pegar uma garrafa de dois litros que um dia foi de refrigerante e agora é aproveitada como vasilhame de água. Enchi um copo e me lembrei que faz dez anos que eu não o via mais... Senti saudades, peguei nossas coisas antigas que até hoje eu guardo - aposto que ele jogou tudo fora. Tanto que tinha para lhe falar, para pedir, para implorar... Foram os dez anos, mas tenebrosos possíveis para a minha vida amorosa. Fico pensando se alguém consegue ficar dez anos na mesma merda por alguém... Acho que não, devo ser uma raridade nesse mundo imundo. Não... Não posso pensar que sou assim e que, mas ninguém no meio de bilhões de pessoas tenha sentido isso, parece que isso me conforta.
            Ele não sabia que em dez anos não tive um namorado que durasse mais de três meses, não amei mais ninguém como eu o amei, não parei de pensar nele e nem de pensar em procurar. Sai da cozinha, fui até a sala onde estava o computador. Por sorte o e-mail dele ainda seria o mesmo, o meu ainda era. Mandei um e-mail marcando um encontro. Dez anos mais tarde, será que ainda era o mesmo? Será que realmente as pessoas não mudam, será? Será? Então, tive resposta do e-mail, era um “ok”; e apenas isso. Senti um tanto estúpida aquela resposta, mas não dei importância. Na mensagem, ele confirmava a hora e local marcado por mim, mas já bastava saber que ele ia.
Era hoje e eu estava tremendo, coloquei uma roupa bonita, blusa amarela e calça jeans comprada para ocasião. Pois ele gostava quando eu usava calça, o que era raro. Passei por uma rua onde um motorista havia atropelado um motoqueiro; aquele bando de urubus em cima, não tem coisa que eu mais detesto que um bando de gente em cima de alguém que se acidentou. O que é aquilo? Preocupação? Não... É prazer pela desgraça! Passo reto e não olho...
            O bar não era nada de luxuoso, tinha lá seus garçons, suas mesas de madeira e sua pintura artística; se é que aquilo possa ser chamado de arte. Ele chegou de terno, gravata... Devia ser alguém importante. Olhou para mim profundamente, parecia que ia me comer ali mesmo, abri a boca e achei melhor me calar. Ele pediu algo para beber, então bebemos... Ficamos nos olhando durante muito tempo... Ele era o mesmo, o mesmo calado de sempre, lindo, parece que estava cada dia mais lindo! Dez anos fizeram bem para ele. Olhei-me  pelo vidro do bar e vi meu reflexo; dez anos pareciam cinqüenta... Ainda não acreditava que aquele encontro estava acontecendo depois de dez anos, um e-mail fez aquilo, um maldito e-mail, e nem que ele não mudara, nem eu. Bebi um pouco, então ele me olhou e disse que eu devia falar o que tinha para falar, pois ele tinha horário e todo tempo comigo era precioso. Fiquei ali olhando...

Silêncio, silêncio e mais silêncio.

Fiquei sem coragem alguma para abrir a minha boca, estava à frente do grande amor da minha vida, o homem da minha vida, e não tinha coragem de falar que o amava, que o queria para mim e que não suportaria mais essa ausência!  Não tive. Ele repetiu a mesma pergunta: O que você quer comigo? Eu não respondi. Ele levantou, deixou-me seu telefone novo, e eu vi saindo pelo vidro... Virei-me para mesa e disse “eu te amo” baixinho nas costas dele, tarde demais. No passado, eu já o tinha segurado e falado tudo, mas dessa vez o silêncio me consumiu.
Saí do bar, me deparei com outro acidente, e então comecei a chorar. Pensei ter ouvido meu nome, olhei para trás, e nada. Deveria ser alguém soprando no meu ouvido que me amava, alguém que não existia ou era a minha memória me pregando peças novamente; um bando de besteiras. Voltei para casa, liguei a TV, e não acreditei no que vi, mas era real...

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