segunda-feira, 26 de agosto de 2013

UM MENINO QUE...

Eu sou um estranho. Um estranho de em mim mesmo. Como aquele senhor que todo o dia pega o ônibus, no mesmo horário e o mesmo número, ele sempre com a sua bengala preta e sempre sorrindo. Sou um estranho que começou a gostar de estar sozinho, redescobrindo e editando alguém que eu deixei lá atrás.
Um menino que brinca de ser gente grande, colocando chapéus, falando palavras difíceis, bebendo bebidas fortes, pensando em projetos grandes e sonhando com alguma coisa que me faça acalmar e que faça controlar esse leão vivo nas minhas entranhas, um menino brincando de ser gente grande, um menino.

Aquele que sabe perdoar e que tenta esquecer as fúrias dos terremotos passados e quando falo em perdão ouço berros da minha mãe, dizendo que não devemos perdoar, eu perdoo. Perdoo por que não sei quando precisarei ser perdoado por alguém que amo e jamais quero perder.

Sou um estranho fora da casca, sensível ao cheiro de uma rosa, sensível aos maus que o mundo pode causar, hoje eu posso sentir a brisa do vento, ver como ela balança a arvore, olhar as folhas verdes, como elas se movem, é tudo e nada, nada e tudo, fora da casca.

Fechando os olhos, sonhando acordado, lutando contra o meu pior inimigo, eu mesmo, esse eu egoísta, babaca, idiota e orgulhoso. Essa briga, esse amor, esse mundo que só pode ser vencido por mim, perder todo o dia um pouquinho, para não se sentir dono de nada.

Estou no Rio, caminhando no calçadão de Copacabana, sentindo o cheiro do mar, olhando para aquelas pessoas felizes, rindo, enamoradas. Abro os olhos, estou aqui, ali e sozinho, sozinho com meus olhos fechados, sentindo o calor do mundo, a rotina diária, o riso do outro, as palavras duras e o abraço apertado.

Já se perguntou se todo o amor que você recebe você merece? E o que você dá? Você sabe o que é o amor? Já amou ao ponto de se sentir feliz por estar "em amor"? Não né? Por que quando se estar no amor, não se tem proteções, tudo doe.

É... Eu sou um estranho, como as velhinhas que contavam hoje quando deram o primeiro beijo, lembro que uma disse que ela chorou de tanta felicidade que sentiu... Somos todos estranhos em busca de uma coisa que não existe ou só existe quando estamos sós, consigo.

Obrigado por me fazer lembrar como é bom escrever e amar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário