quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

OUVE!

Mãe: Você lembra da tia Sonia? Ela era assim... Ficava horas em frente a uma arvore, olhando e analisando detalhe por detalhe da arvore, divagando mesmo... Acho que ela era meio maluca, você não acha Débora?

Débora: Não sei mãe, nem sei quem é a tia Sonia!

Mãe: A tia Sonia era esposa do Gaspar, aquele gordo perebento, você tinha medo dele minha filha, não se lembra? Saia correndo pela casa gritando que ele tinha piolho na cabeça, no pé e em tudo que é lugar, esse Gaspar, era maluco mesmo.

Débora: Mãe, você ta falando de gente que eu nem sei quem é

Mãe: Como não sabe menina? Ta ficando maluca! A Tia Sonia! A tia Sonia, saudades dela. Ela me ensinava cada coisa bonita sobre as arvores.

Débora: Mãe, o que ainda a senhora ta falando?

Mãe: Do meu passado, dos meus tios, sabe... Por um segundo, um segundo mesmo eu tava ali... Sentada com a tia Sonia, passando a mão no tronco da arvore, ela dizia que assim a gente sentia a mãe natureza. O Gaspar dava risada, mas respeitava...

Débora: Mãe natureza, sei...

Mãe: Eles se amavam muito e eram totalmente diferentes, saudades da tia Sonia, eles se amavam muito sabia Débora? Nossa, eram como cão e gato, mas se amavam. A gente conversava muito e se o papo tava chato a gente mesmo assim ficava ali, ouvindo e se envolvendo... (Débora sai de perto da mãe) Filha... (Ela abaixa a cabeça, olha para a rua e vê uma arvore) Saudades do tempo que a gente era gente...

Um comentário:

  1. Betinho, meu xará.
    Uma delícia ler os transbordamentos de sua alma. Que seu copo continue sempre cheio, sen pesar em seu espírito. Também sinto saudades do tempo que a gente era gente. SMACK!!!

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