MARAVILHOSO!

MARAVILHOSO!

Eu ouvi ele gritando isso a quilômetros de distancia, que voz insuportável. Lá vinha novamente o insuportável do Jose Claudio, gostava de chamar ele assim para me lembrar bem do rosto dele: longo, fino e cheio de perfurações, parecia que você estava olhando para a lua. E esse nome? JOSE CLAUDIO. Que arrepio. Nome duplo. Eu odeio nome duplo.

MARAVILHOSO!

Olha lá mais um "Maravilhoso" e mais perto, daqui a pouco ele entra a porta e diz: "Catarine, você não acredita, maravilhoso!" Terei que sair do meu estado vegetativo de "nada" para perguntar - fazendo ele achar que eu me interesso por alguma coisa que ele fala - "Fala Jose Claudio, o que é tão maravilho assim?". Nessa hora vou ter que fingir que estou tomando alguma coisa na xícara de chá que está na mesinha do centro da sala a mais de 3 dias por que as empregadas de hoje em dia estão caras demais e ainda por cima querem ser registradas - Que absurdo e essa fala não tem pausa, é desesperadora mesmo.

CATARINE VOCÊ NÃO ACREDITA, MARAVILHOSO.

Não disse? Lá vou eu para o chá que não existe e ouvir outra vez a historia do Jose Claudio, afinal um casamento de 50 anos é isso que temos que aturar, e aturar sorrindo, amando e esperando a hora dele esquecer o que é maravilhoso e lembrar que maravilhoso sou eu.

ESQUECI - MARAVILHOSO DEVERIA SER VOCÊ.

Viu? 50 anos...